Um personagem vai para o interior do país pesquisar a inexistência da palavra liberdade na língua portuguesa; uma professora de matemática que pede esmolas não consegue ensinar a seus alunos a calcular em quantos dias um mendigo chega à classe média; policiais que ocupam favela e recolhem pertences dos moradores treinam pontaria com a palavra “Deus”; um casal em situação de rua vive no tempo dos jornais que o cobrem. Essas e outras histórias, em que a explosão é solo em que todos pisam, compõem “Cidadania da bomba”, primeiro livro de contos de Pádua Fernandes, que já havia publicado quatro livros de poesia e um de ensaio no Brasil, em Portugal e na Argentina.