Para quem havia lido Os prisioneiros, o lançamento do segundo livro de Rubem Fonseca era um esperado acontecimento. A coleira do cão, publicado em 1965, é em certa medida um diálogo com seu livro de estreia, formando um díptico sobre o homem preso à sua existência. A imagem do cão que, mesmo liberto, carrega um pedaço da corrente, da epígrafe que Rubem Fonseca retira do poeta romano Pérsio, é a outra face da imagem do homem como prisioneiro de si mesmo.Nas oito histórias do volume, Rubem Fonseca prossegue com a exploração de novos temas e recursos narrativos, mas também exercita, em contos longos, a capacidade de imersão completa no universo narrado. Além disso, retoma, em «A força humana», o halterofilista de «Fevereiro ou março», da coletânea anterior, construindo um personagem memorável, que ainda aparece em Lúcia McCartney, no conto “O desempenho”.A confirmação de um grande escritor, A coleira do cão é o segundo degrau da construção de uma das obras literárias mais complexas e ricas de nosso tempo, que põe cada leitor diante de sua própria imagem em meio à beleza e à violência do mundo.