Este livro está dividido em quatro partes: Crônicas e relatos de um professor; Resenhas ainda que tardias; Ensaios gerais; e Reflexões sobre a docência e as práticas de ensino. Nas Crônicas há quase de tudo, do osso à delícia do ofício, de bolinhas de papel atiradas no professor “por engano” ao aluno leitor de Scott Fitzgerald; comparece aquele momento em que a gente tem que respirar fundo para não explodir, mas também o momento da surpresa feliz, do humor e da poesia inesperada. Entre as Resenhas, há livros, literatura e seus autores — de Mário de Andrade a Patrick Chamoiseau, passando por Marcos Rey e Ray Bradbury, entre outros —, que trouxeram seu quinhão de arte e bondade para que o mundo se tornasse melhor. A única exceção não literária nesta parte do livro é Zé do Caixão, cineasta e ator de cinema — mas, nesse caso, trata-se de uma resenha de personagem, que ele foi, e incrível, até depois do fim. Nos Ensaios, trato de literatura e psicanálise, cinema, direitos humanos, sociedade, história, estatísticas da seca e da fome e outros temas que levo para sala de aula, traduzidos em linguagem adequada a cada turma, com o coração quente e a cabeça “a mil”. Aqui, Freud, Lacan, Young, Paulo Freire, Malcolm X se encontram tête-à-tête com Akira Kurosawa, Gregório de Matos, Aluísio Azevedo, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Tituba — a feiticeira negra do Salém, entre outros.
Nas Reflexões, o assunto é o ato de ensinar e aprender e as práticas, que vão de temas como o desenho infantil à interpretação de textos, do inconsciente e a escrita à produção de paródias como instrumento de ensino-aprendizagem.
Todas essas aventuras escritas, que compartilho agora com o leitor na forma de livro, nasceram de minhas anotações, corrigidas, desenvolvidas e aperfeiçoadas ao longo dos anos, desde quando ainda ocupava os bancos da faculdade, muitas das quais já foram publicadas em sites ou como parte de outros livros. São resultados de uma prática essencial à docência, mas que, em mim, nasceu antes de me descobrir professor: a prática de sonhar — com método, disciplina, persistência, liberdade e… alegria.
Mas sonhar, como respirar.