Pensador não acadêmico de raciocínio acelerado e problematizador, Diego Sztulwark surge, em A ofensiva sensível, pela primeira vez como autor único, após décadas de escrever textos para o debate militante e elaborar intervenções como editor, organizador de grupos de estudo, colaborador de blogs, programas de rádio, ensaios coletivos, coautorais ou anônimos. Essas características da atividade de Sztulwark imprimem ao livro um tom de pensamento político em formação, com profundidade teórica que remete o tempo todo à consideração das forças políticas em disputa na atualidade, como se fosse apresentada aqui uma caracterização política do presente para redefinir estratégias de ação política.
As estratégias atuais, entenda-se, são aquelas que nos servem para lutar em um mundo de subjetividade neoliberal expandida, sem sujeito da história, sem programa e sem lugar de chegada determinado. Tecendo com os fios do ensaio, das análises políticas de conjuntura, da investigação militante e da filosofia — inclusive aquela que se faz com o corpo, em práticas sociais ou nas ruas —, Sztulwark analisa as coordenadas contemporâneas da política sul-americana enquanto derivações de um ciclo político aberto com a crise dos atores que representaram o neoliberalismo dos anos 1990 e a posterior chegada ao poder dos governos progressistas/populistas nos países da região.
— Salvador Schavelzon, na orelha