Um romance nascido do fato de se acreditar que há um caminho possível, apesar de tudo. E, nesse contexto, não há contradição, uma vez adotado o desamparo como condição. Mas o que cabe nesse desvão, nesse abismo existente entre duas formas, é tão desafiador quanto a imensidão das grandes cidades. A metrópole, a Sampa, assanha nossos sonhos, podendo se revelar impiedosa como um moedor de carnes ou um lugar, um caminho feito sob medida para nossos anseios. A história de Fabiana e Gabriel, como as nossas, é fruto desse tempo, dessa ambiguidade. Agora, o que verdadeiramente perturba, é o retrato do qual a cidade emerge sem direito à solidão, ao esquecimento. Todos se entregam a ela e lhe reviram a alma, condenando-a a esse constante burburinho que faz seus cruzamentos sempre algo convulsivos.