Dividido em duas partes, Aquelas Coisas Todas recupera textos que Joyce escreveu para Fotografei Você na Minha Rolleyflex, livro que lançou em 1997, em que relata fatos com senso crítico e faz uma análise relevante não só da música, mas da cultura brasileira como um todo. Em escritos mais recentes, ainda não publicados, ela se revela uma cronista de mão cheia tratando, com conhecimento de causa, de temas como o feminismo.
Ser cantora, ser artista, isso tudo é muito bom, mas nem sempre foi assim. Joyce enfrentou diversas barreiras, envolvendo tramas ardis da indústria fonográfica, para que fizesse a música com a qual se identificava. Com mais de 50 anos de carreira, permanece íntegra, livre de rótulos e nunca deixou que a personalidade dela fosse quebrada. No livro, ficamos sabendo que pelo menos uma pessoa tentou (não conseguiu).
Os sortudos que a conhecem sabem que a música que faz não tem fronteiras, e é referência tanto para os sambistas contemporâneos da Lapa quanto para o rock das bandas internacionais Tortoise e Superchunk, sem contar os fãs fiéis do Japão. Joyce sempre transitou por todas as tribos, especialmente em um momento no qual cantores e compositores brasileiros estavam divididos, como ela bem conta neste livro. Por conta dessa versatilidade, ela consegue traçar um panorama vigoroso de nossa música por uma ótica singular.