Em pleno período das Grandes Navegações, Camões foi o primeiro literato a conhecer o novo Oriente, o primeiro poeta europeu com uma experiência direta de mundos e culturas distintas das suas. Nisto, tornou-se originalíssimo: modulou a linguagem do passado de modo que ela também contemplasse um mundo todo novo — e para o qual ainda não havia palavras. Tão iconoclasta ele se mostrou que sua arte por pouco não foi considerada herege pela sociedade em que vivia. Camões contrapôs com poesia a ordem divina da sociedade hiper-religiosa daquela época, mostrando em seus versos que a ordem é um conceito humano — e, por isso, fragmentado e imperfeito.
Assim como Camões expandiu conceitos do passado para ampliar a visão de mundo de seus compatriotas, convidamos você a olhar para estes sonetos e entender por que, afinal, eles continuam tão atuais.