As páginas de Luigi Pirandello (1867–1936) são povoadas de numerosos animais, às vezes até mesmo como protagonistas “falantes”. Nesta pequena coletânea temos, entre outros, dois galos briguentos, dois cavalos que discutem a vaidade humana, uma raposa e um coelho bastante críticos, assim como formigas, que podem ou não estar envolvidas na ruína do protagonista. Na obra de Pirandello, o animal tem um papel importante como contraponto e companheiro do humano, revelando suas forças e fraquezas, suas alegrias e sofrimentos, suas derrotas e vitórias. Ver o animal sob a ótica do autor é, muitas vezes, descobrir uma nova dimensão para a natureza humana.
O que seria do homem sem os animais? Desde sempre eles acompanharam a trajetória do ser humano. Precedendo seu surgimento, os animais sempre participaram do cotidiano do homem, estimularam sua imaginação, ajudaram-no no trabalho, fizeram-lhe companhia e garantiram sua sobrevivência. A identidade humana está ligada, em grande parte, aos animais. Eles são cúmplices de nossa existência, transmitindo-nos sua experiência e seu afeto. É por intermédio deles, selvagens ou domésticos, que somos capazes de interagir com a natureza que nos cerca e da qual muitas vezes esquecemos que fazemos parte. Luigi Pirandello foi um dos primeiros autores a incluir animais como personagens de seus contos e, em certa maneira, de seus romances. Para ele, o animal é um personagem comparável ao personagem humano, na medida em que a convivência faz com que tenhamos que dividir o mesmo espaço, as mesmas necessidades e (por que não?) os mesmos sentimentos. Os contos aqui apresentados buscam fazer um pequeno panorama dos animais na obra de Pirandello, animais esses que se assemelham e espelham o humano.