Este livro disseca as teses fundamentais do coletivismo e do individualismo. O predomínio difuso do coletivismo é em parte fruto de o Estado — na Terra Brasilis — ter surgido antes da sociedade (civil) organizada. Jamais deixou de se manter arraigada a mentalidade presa à expectativa de que as soluções para os aflitivos problemas sociais provenham do Estado executor de grandes projetos de “engenharia social”. O crescente aguerrimento da militância ideológica em nada tem contribuído para o fortalecimento de uma cidadania ativa e vigilante. Entendido como o imperativo de se tratar o ser humano como um fim em si mesmo, o individualismo nada tem a ver com a «lei de Gérson” com presença marcante no Brasil. Até hoje prevalecente entre os doutos e formadores de opinião, a visão de que as disfunções e assimetrias sociais só podem ser resolvidas por meio de contínuas intervenções políticas e jurídicas fomenta uma postura de acomodação que, no extremo, desemboca na crença de que a redenção social resulta da entronização do Governo Ideal. Este livro adota uma abordagem crítica do coletivismo hegemônico e da alternativa individualista procurando apontar suas respectivas implicações ético-políticas.