Para a música popular brasileira hoje não há fronteiras. Fruto de confluências culturais, sua riqueza é marcada por uma pluralidade de ritmos, timbres e acentos em grande parte com raízes nas culturas africanas e afro-brasileiras. E de toda essa diversidade, o samba é a sua marca maior! A síncope contagiante, que parece amalgamar-se com a dança, tornando música e corpo indissociáveis, faz do samba um ritmo cobiçado por músicos de todo o mundo, seja para tocar bossa nova, seja para tocar samba-choro, samba-jazz, samba-funk, entre tantos outros sambas. No entanto, parece haver ainda uma lacuna no ensino da linguagem tradicional desse ritmo, o samba. Foi pensando nesta lacuna que se deu a realização deste livro.
Samba de bateria: a linguagem do samba para bateristas e percussionistas é, assim, uma pesquisa sobre os caminhos de adaptação do samba para o kit de bateria (drumset), com base nos elementos rítmicos de escolas e rodas de samba. Acreditando que o estudo técnico de qualquer grande estilo musical deva implicar algum conhecimento do seu contexto social e cultural, Diego Zangado & Fernando Baggio traçam, na primeira parte do livro, um breve panorama das raízes e da evolução do samba, bem como da história da bateria e dos bateristas do gênero no Brasil. Isso para chegar à segunda parte didático-explicativa, em que apresentam uma variedade de ritmos, timbres, acentos e funções tradicionais do samba, originalmente tocados em variados instrumentos de percussão (caixa, surdo, tamborim etc.), e suas adaptações para o kit de bateria, com exemplos conhecidos e muitos outros por eles desenvolvidos.
Com um novo olhar pedagógico da bateria no samba, trata-se, enfim, de uma proposta pelo não apagamento das origens e da cultura desse ritmo tão brasileiro e tão cultuado.
O livro conta ainda com prefácio do compositor, sambista e estudioso das culturas africanas Nei Lopes.