O livro A Hipótese da Revolução Progressiva propõe um modelo original de transição ao socialismo. Pretende ter identificado os estrangulamentos da formulação gramsciana que levaram o socialismo europeu a um impasse e considera ter resolvido também o enigma do colapso do modelo leninista de revolução e de sociedade, descortinando um processo revolucionário vivo dinâmico e em pleno andamento.
A análise é feita a partir da transição que fundou o Estado e a sociedade de classes a partir do socialismo primitivo, um processo complexo em que a democracia primeva enraizada na comunidade, ou na Gemeinde, conforme Engels, foi sendo substituída pelo despotismo classista do modo de produção asiático.
A longa transição rumo à sociedade de classes foi polarizada pelo recuo da democracia e do controle da coisa pública pela comunidade, sugerindo que a transição oposta deverá estar orientada pelo gradiente contrário, de crescente controle público sobre o Estado e de fortalecimento dos valores democráticos. Corroborando esta hipótese, tais elementos parecem constituir a tendência central a atravessar o século XX.
O modelo estabelece o Estado de direito como a última forma de Estado, tornando obsoleta a Ditadura do Proletariado na transição ao socialismo. A construção do socialismo se dá através da ampliação da hegemonia de uma cidadania cada vez mais emancipada que sustenta e democratiza o Estado de direito e curva a economia a uma vontade coletiva cada vez mais soberana.