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José Antônio de Souza

LAPUTA

Era bancário e muito triste e às vezes amanhecia gripado. Tinha uma gravata de estimação que ia ao banco sozinha quando ele não comparecia."

Ao assistir a um espetáculo em circo chinês, o rapaz colabora com o ilusionista em um número de palco e ganha dele a gravata mais o ensinamento de alguns truques para divertir os amigos; com isso ele adquire certa perícia nas mágicas e transforma a gravata numa datilógrafa de sucesso no expediente da Matriz. Batizada de Laputa, a gravata se torna a tira de pano mais conhecida do sistema bancário.

Papéis estranhos ao serviço são encontrados entre os documentos do banco numa caixa requisitada ao Arquivo Morto, para o qual o rapaz havia sido desterrado por participar de uma greve. Chamado a explicar o aparecimento dos papéis em que Laputa faz uma espécie de crônica satírica da vida bancária e mundana, o escriturário nega sua autoria, desse modo dando início à investigação sobre quem teria sido o verdadeiro autor dos avulsos. A história se passa em 1972, no auge repressivo da ditadura, e transcorre num mês de sucessão interna no banco estadual, quando se fala da possibilidade de um funcionário de carreira ser nomeado presidente da organização. Faz-se um paralelo crítico da escolha do mandatário no Planalto e na casa bancária. Assim como é na instância mais alta, assim é embaixo. A analogia com o Reino de Laputa, das Viagens de Gulliver, não é mera coincidência.

O romance de José Antonio de Souza se desenvolve por meio de duas narrações: a de um autor anônimo e a dos textos de Laputa.
490 printed pages
Copyright owner
Bookwire
Original publication
2015
Publication year
2015
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