Andre de Lemos Freixo inaugura sua bibliografia ficcional com textos de diversas épocas de sua trajetória. Em tempos de “positividades” tóxicas e charlatanismos mil, o autor mobiliza o desconforto como principal ferramenta para esculpir suas imagens através das palavras. Um livro “pesado e triste”, um “estorvo” e até, por vezes, «desagradável”, segundo ele mesmo. Em versos, diálogos ou prosa, sentimentos subterrâneos e assombrações difíceis de lidar sem a potência da arte emergem aqui. O estranho, o estranhamento, as agruras, a angústia, as palavras e as criaturas todas são integrantes dos cenários e das histórias apresentadas. Tudo isso nos convida a perscrutar os ângulos mais obscuros, violentos, perversos e até masoquistas da história e da humanidade vistas a partir de um lugar bastante brasileiro e contemporâneo, porém, simultaneamente, intempestivo e até cosmopolita. Como diz Artur Costrino (UFOP), «não de outra forma se faz um ótimo livro” (extraído do Prefácio).