Pedro Gonzaga é dos poucos autores de hoje que não se deixam pautar por esses dias que mais parecem um desfile do sanatório geral. E é assim, autodefinido um “anacronista”, o que fala dos rumores que o tempo não logra de todo apagar, que ele honra a mais fina tradição da crônica, a que faz do lirismo o material das suas bem traçadas. «Antes não era tarde” são memórias, as de vinte, trinta anos, junto com as de ontem mesmo e as de agora de manhã. Estrepolias de criança, família, o exemplo sempre presente do pai. A praia, a escola, os amigos, os amores ingênuos que não excluem um projeto de safadeza com a Jane Fonda reprisada à exaustão nas madrugadas da TV aberta. Viagens com a banda pelas estradas da vida. Sendo Pedro Gonzaga também poeta, suas crônicas rimam com uma de suas crenças: a de que o riso e a poesia estão entre as poucas vitórias da nossa triste espécie. Uma reflexão que leva a tanta outras — não menos agridoces.