Obra coletiva, Rio, da Glória à Piedade é uma realização de amigos, todos ligados às letras, nascida espontaneamente, em almoços, jantares, tertúlias e conversas, conversas, sobretudo. Seus onze autores, aqui perfi lados por ordem de nascimento, cobrem uma razoável faixa etária, que vai da casa dos 90 à dos 50 anos.
Se a maioria deles é de cariocas, há no grupo um baiano, um alagoano, dois gaúchos e um português, amante da cidade e editor do volume. Os gêneros também são variáveis, nas crônicas e poemas de Helio Brasil; nos textos de Nireu Cavalcanti, um dos grandes conhecedores da história
carioca; nas crônicas sobre a vida literária e política de Rogério Marques; no levantamento da vida livreira da cidade por Gustavo Barbosa; nos textos espirituosos e no amoroso poema de Ivo Korytowski; nos marcantes versos cariocas de Suzana Vargas; no relato sentimental das viagens de Joaquim António Emídio ao Rio, especialmente ao bairro da Lapa; nos textos de memórias pessoais e urbanas de Eliezer Moreira; no retrato em prosa da lendária Cinelândia e nas duas sequências poéticas de Eduardo Mondolfo; na suíte de poemas, de épocas diversas, deste que vos fala, e cujo caráter parcialmente memorialístico explica o seu título geral; e, fi nalmente, na valiosa crônica de memórias pessoais e culturais de André Seffrin. Tal é, em resumo mínimo, o livro que o leitor tem em mãos.
(do prefácio de ALEXEI BUENO)