Por uma Insubordinação Poética é o encontro de panfletos, cartazes e declarações de vários grupos do Movimento Surrealista de 1970 a 2022. Organizado por Guy Girard, traduzido por Natan Schäfer e apresentado por Michael Löwy.
«Animado pelo espírito da liberdade e o protesto radical, o surrealismo sustenta-se na busca permanente do “ouro do tempo”: uma aposta eterna pelo amor sublime e pela recusa afiada à civilização capitalista ocidental, ao colonialismo, à estreita racionalidade burguesa e à alienação religiosa.
Por uma Insubordinação Poética foi organizado por Guy Girard, poeta e pintor surrealista, principal animador do Grupo na França desde 2010; ele também é o autor das breves apresentações a cada uma das declarações, panfletos ou cartazes contidos no livro.
Os textos presentes nesta edição são muito diferentes entre si, e abordam temas dos mais diversos, desde uma carta de solidariedade dirigida à American Indian Association em 1973 até um panfleto sobre as lutas sociais de 2006, distribuído nas ruas durante as manifestações daquele ano, passando por uma polêmica contra o filósofo Jürgen Habermas (que não conseguiu entender o que é o surrealismo) e uma denuncia (em latim impecável) contra a visita do Papa João Paulo II à França.
Apesar desta diversidade, todos os materiais incluídos compartem do desprezo (para não dizer ódio) pela abjeção capitalista, e pela tirania dos múltiplos Ubus, sagrados ou profanos, de nossa época. Eles são, ao mesmo tempo, documentos poéticos de uma busca mágica permanente, de uma viagem arriscada em direção ao continente “Utopia”, do sonho de uma outra civilização.
Como o revela esta coleção de tracts, o surrealismo não é um corpo de doutrinas, uma biblioteca de Sagradas Escrituras, ou um conjunto de obras de arte instaladas nos museus: se trata de um movimento, um rio que corre e que nunca é o mesmo (para citar o célebre fragmento de Heráclito de Éfeso), uma aventura permanente.
A data de nascimento é 1924 mas não haverá «fim da história» enquanto existir, em algum lugar do mundo, o espírito surrealista de insubmissão poética."
— Michael Löwy