Escrito no formato de uma peça de teatro, teoricamente um drama fantasioso para ser encenado, Macário tem essa mesma estrutura negada por Álvares de Azevedo: em seu texto de introdução, ele esclarece que a forma é muito mais um meio para sua literatura, e que nada daquilo fora moldado, de fato, para um palco.
Macário é um personagem perdido que, em certa noite, tem um encontro com um estranho: Satan! Que o carrega, no primeiro episódio, por cenários de pesadelo, expondo sua índole e revelando o horror como figura de denúncia social. A segunda parte leva Macário para a Itália e para a companhia do apaixonado e inocente Penseroso. Aqui, Álvares de Azevedo afia sua licença poética contra os dogmas da arte, da literatura, da cultura que o cerca. O suicídio de Penseroso é a morte, pelas próprias mãos, do romantismo açucarado, é a vitória do cinismo libertário — que se compadece de ter sobrevivido à custa da perda de toda a inocência, mas reserva uma espiada pela janela de uma taverna onde bêbados perdidos discursam seus pecados e amores malditos!