Em 1903, era publicada a autobiografia «Memórias de um doente dos nervos», escrita pelo alto magistrado alemão Daniel Paul Schreber. No livro, ele relatava seu adoecimento mental, que incluía delírios persecutórios. Apresentado à obra por Jung, Sigmund Freud decidiu a partir dela escrever a presente narrativa clínica, em que pela primeira vez o método psicanalítico é aplicado para estudos além da neurose; neste caso, a análise de uma psicose. Fascinado pelo discurso da loucura de Schreber, como se a própria linguagem revelasse o método da insanidade mental, Freud enxergou no relato do doente não apenas a doença, mas também uma busca desesperada por cura. Suscitando polêmica desde sua publicação, “O caso Schreber” é um dos textos fundamentais de Freud.