Livro escrito ao longo de uma década, tem sua elaboração marcada por intervalos assistemáticos, imprevistos, mas que jamais prejudicaram as leituras que foram assimiladas à fatura dos contos. Um dos autores centrais desse intercâmbio é Jorge Luis Borges, citado no conto “Nota sobre a cegueira borgiana”, um diálogo direto com “A Biblioteca de Babel”, de Ficções. O livro também se relaciona com A memória de Shakespeare, um outro livro de Borges que, já em seu título, exige apreciação qualificada. Se o leitor for mais a fundo na leitura, vai compreender que a passagem de «memória” para “lapso” traduz uma inquietação recorrente na poética shakespeariana: a fragilidade da razão humana.