Nos últimos anos, Rubens Gerchman dividiu seu tempo entre Rio de Janeiro e São Paulo e manteve ateliês nas duas cidades. Mas o espírito carioca é predominante na linguagem urbana de sua pintura. Ele despontou no início da década de 60, ainda muito jovem, como artista de vanguarda, e em pouco tempo se destacou em nosso meio artístico ao propor uma nova estética, fortemente contaminada pelo cotidiano social. Essa década representou um dos momentos mais fecundos da cultura brasileira de todos os tempos. Nesse período, houve uma explosão de novas linguagens: o cinema novo, a bossa nova e o tropicalismo; também no teatro, com os Centros Populares de Cultura, e nas artes plásticas, com a nova figuração. Foi uma década de grande agitação cultural e política — anos de transgressões e de sonhos socialistas.
Rubens Gerchman participou ativamente e na linha de frente daqueles acontecimentos. Durante todo o período de ditadura, foi um dos protagonistas da resistência contra o arbítrio, a censura e a repressão do regime militar. Conviveu com Lygia Clark, Hélio Oiticica, Amílcar de Castro, Ferreira Gullar Caetano Veloso, Lina Bo Bardi e tantos outros artistas e intelectuais que marcaram aquela época. Além das artes plásticas, seu trabalho abrangeu outras áreas, como cinema, vídeo, instalação, desenho gráfico, poesia e, inclusive, uma transformadora gestão docente no Parque Lage.