Os cinejornais no período da ditadura civil-militar, produzidos pela Agência Nacional — órgão oficial de notícias do Estado brasileiro — entre 1964 e 1979, são fontes importantes para a compreensão da imagem pública produzida pelo regime ditatorial. As imagens e as narrativas em tela revelam a utopia autoritária e modernizadora que atravessou a ditadura brasileira. A busca constante de legitimidade impulsionou o investimento na criação de imagens públicas que enaltecessem o processo de modernização em curso, capitaneando as ideias-forças que circulavam no cenário nacional desde antes do golpe e mobilizavam setores expressivos da opinião pública, como a modernização, o nacionalismo, a integração nacional e o desenvolvimento. Nas imagens dos cinejornais observamos a hipervalorização do Estado autoritário com destaque para as obras de infraestrutura, a valorização do civismo e o lugar das Forças Armadas na condução da política nacional. A propaganda política realizada pelos cinejornais produziu um discurso acerca do papel do Estado autoritário na promoção do desenvolvimento nacional, indicando as diferentes ênfases e clivagens políticas no interior do regime ao longo da ditadura.