Interdisciplinaridade, transdisciplinaridade, entre outros conceitos, ligados às possibilidades de interfaces entre áreas do conhecimento, têm sido temas cada vez mais atuais e necessários para a formação intelectual de cabeças bem-feitas, lembrando o que nos ensinam Edgar Morin e Gilles Deleuze, entre outros grandes pensadores.
Ciente disso é que Márcia Fusaro trata de literatura não pelo viés convencional, mas por meio de um diálogo muito original e singular com a ciência. Aborda Clarice Lispector não pelo viés convencional da «escritora hermética e difícil», já tantas vezes revisitado, mas por meio das influências científicas identificáveis nas sutilezas dos interesses narrativos dessa grande escritora brasileira.
Assim, o diálogo entre literatura e ciência se faz flecha em movimento espiralado e compatível com as metáforas de mudanças, fluxos, acasos, indeterminações, liquefações, entre outras tantas, próprias do pensamento muito moderno e contemporâneo. A intenção é que essa flecha se direcione ao alvo de novas e possíveis ousadias de reflexão.