«Eu tive muitas oportunidades de beijar uma garota pela primeira vez antes dos dezesseis, mas desperdicei todas. E não foi por falta de paixão ou vontade, que bastava um olhar de bicicleta ou de tabuada esquecido em mim, na rua ou na sala de aula, e eu já chegava em casa com o amor da minha vida descoberto. E olha que eu não tive o menor medo de tirar as rodinhas da bicicleta ou de responder quanto era sete vezes oito em voz alta na classe, mas pedir para alguém ficar comigo e finalmente beijar na boca me causava parkinson juvenil. Não sei por que tinha tanto receio de experimentar o que tantos outros meninos e meninas já haviam descoberto e que consideravam o fim da infância e o início da adolescência: só falavam sobre isso e como se fosse a coisa mais importante na vida. E era mesmo! Primeiro-beijo é tão mais gostoso que andar de bicicleta e tão menos problema que tabuada e eu realmente desperdicei muitos antes dos dezesseis». (O inesquecível primeiro-beijo que não dei)