A Vida, (velha) desdentada, batia em sua janela e pedia-cobrava uma moeda. Feia cobradora não percebeu que já carregava a moeda entre os dedos? Com mãos enrugadas de quem já conhece todos os caminhos não lhe tirara das entranhas a negação como pagamento de uma antiga dívida? Não eram as palavras escritas nos papéis daquela pasta o seu recibo? Por que então ainda saíra repetindo-as ao se afastar do carro? Abriu os olhos. E, dali de seu quarto, olhou as portas fechadas da catedral de seus sonhos. Lugar sagrado onde não permitira que ninguém pisasse e que, agora, nem para ela se abria, porque ali alguém tão desprovido de ilusão não era bem-vindo.