Sinal da Águia é um estranho e vertiginoso romance. O escritor e professor chileno José Donoso foi um dos primeiros a saudar o «espírito pioneiro» do poeta e romancista Carlos Nejar, da Academia Brasileira de Letras, que se declara em busca de novo estilo de época, o Sobressimbolismo. Este romance parte à procura dos assombrosos abismos da alma. E tece uma astuciosa teia de poder para mostrar, em inventiva metáfora, o avanço do lobo e do tigre sobre o homem, dentro do homem, onde a secreta sociedade da alcateia organiza sua aleivosa conspiração para aniquilá-lo. Irrompe do nada, então, a busca do Absoluto, tendo no amor a principal força propulsora na luta contra a morte, pois Alúvio Solário precisa passar pelo delírio e pela loucura, contando apenas com o fulgor da palavra salvadora na guerra que trava. Privilegiados leitores que degustaram este romance acompanharam o fluir do rio de personagens que gravitam ao redor de Alúvio Solário, mas bem abaixo dele e de seu projeto de uma nova cosmogonia. A Águia desenha uma nova ordem no universo. Navegando neste rio de personagens, também ele personagem, o leitor percebe desde as primeiras páginas que lê e vê este mundo a cada capítulo, como se uma câmera acoplada à cabeça da ave pudesse mostrar-lhe o que não vê, a não ser do ponto de vista da Águia.