(…) A emoção ao encontrar e perambular por esse romance cósmico, mítico, ontológico e beatífico é tão forte, que nada desejo falar ou escrever, a minha falescrita seria um claro ou clarão, que nada falaria e onde todo mundo entenderia que a vontade de encontrar um escritor fundamental no Brasil se realizou, Cláudia Tavares está madura e superpotente no Despertar, não sei a cronologia, seja um livro antigo ou dos mais recentes, marca o auge da produção de uma grande criadora.Deus é o ator principal, mas brinca de coadjuvante. Ele gosta. Declara ele mesmo ser “o maluco principal”, porque ama Raul como ama a todos os seus filhos, e o salva, não da loucura, mas da razão que quer a todo custo castrar a diferença.Raul, que era o louco, o esquizofrênico, e era mesmo, e perfila seus remédios como quem fala de seus pratos do almoço e do jantar, assim como acontece em quase todos romances de Cláudia; Raul, que era o pior, o gordo, o comilão, o vagabundo, o delirante, é aquele que decifra o enigma da família, do país, do mundo, do universo e da criação. É a ele que Deus vem por três vezes, para que ele possa viver e amar os três aspectos da Trindade.É ele que lança ao vento os esporos de uma nova esperança: os índios não morreram nem nunca o farão, os homens selvagens do presente e do futuro estão vivos e bem, no Rio e no Mundo, e misturam todas as raças, no caldeirão universal do amor.Luis Carlos de Morais Junior