Com aguda sensibilidade para os múltiplos sentidos que podem ser extraídos dos detalhes mais insignificantes de uma existência, Telles nos oferece neste livro vinte textos curtos, de características variadas. (…) Alguns são narrativas no sentido tradicional da palavra, ordenadas com começo, meio e fim, e uma certa tensão dramática, conduzindo a atenção do leitor. (…) Outros são pequenas crônicas, fragmentos, flashes do tempo perdido como o belo “Mesa” ou o comovente “Um Bilhete de Amor”. São descrições com alto poder de condensação que não precisam contar uma história para se justificar.
Maria Rita Kehl
Sérgio Telles sempre se apoia no personagem como metáfora, cujas ações e comportamentos, bons ou maus, servem apenas para complementar sua versão aparentemente irônica do tema da sobrevivência do mais forte. De fato, Peixe de bicicleta gira em torno desse inesgotável problema.
Malcolm Silverman
Com uma linguagem despida de metáforas rebuscadas, cujos volteios muitas vezes escondem um vazio de ideias, em Peixe de bicicleta Sérgio Telles descortina a complexidade do mundo interno de seus personagens, com os contraditórios sentimentos que o agitam, produzindo um emaranhado de conflitos, mal-entendidos e confusões nas relações pessoais. O leitor segue com interesse os pungentes impasses, dores e alegrias que ali se apresentam, e neles se reconhece, ampliando com isso a compreensão de si mesmo e da condição humana.
As narrativas de Sérgio Telles inventariam os conflitos, os desvãos escuros e os desejos secretos de vidas de pessoas comuns, personagens que despem as máscaras sociais e se aventuram no tortuoso sentido de suas existências. (…) O leitor que não hesite em abrir as páginas deste livro e penetrar no universo construído por Sérgio Telles. Seu texto, perceptivo, por vezes irônico, ou trágico, ou doido, inaugura uma cumplicidade, uma interatividade com o leitor, levando-o pelos caminhos do realismo imaginário decodificado pelo prazer dos signos escrito.
Nilza Amara