Em Segredos da Concha, de Flávio R. Kothe, o eu da narrativa não só é diverso do eu do autor, ele pode não só dispor de aspectos ocultos de sua personalidade como pode até ser sua antítese, aquilo que ele exorcisa ao evocar. Ele não só se define por suas circunstâncias, mas elas são inventadas pelo eu que as define. Ele como que cresce em algo que ele faz existir. Se há eus diversos nos diferentes contos, o eu do autor não é a soma nem o denominador-comum desses vários eus: ele é todos e nenhum.