No marco de estudos marxistas e latino-americanos, Cristiane Francelina Dias analisa comparativamente a práxis e a consciência de classe que estão presentes nos sujeitos sociais que compõem os Movimentos Sociais do Campo, que lutam pela terra e pela defesa dos territórios no Brasil e Argentina. A autora discorre sobre a problemática agrária, em que estão insertas as duas principais organizações do campo desses países: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimiento Nacional Campesino Indígena (MNCI). O avanço do capitalismo no campo, a luta pela terra e pelo território representam um capítulo longo e violento da história latino-americana. A expropriação material e simbólica dos povos indígenas, das populações tradicionais e comunidades camponesas compõem a nossa dramática e latente realidade. A análise empreendida, à luz desses contextos históricos específicos, demonstra os aspectos comuns de dependência e de exploração em que o capitalismo subjuga a América Latina na divisão internacional do trabalho e que nos constituem enquanto nações dependentes. A dialética na práxis e consciência de classe, logo, é apresentada a partir desse legado, dessa memória viva, que compõe o repertório de diversas organizações do continente que se vinculam à Via Campesina Internacional, que se unificam, em torno de um conteúdo comum, ou seja, a luta da classe trabalhadora contra o capital, em defesa da Reforma Agrária, da Soberania Alimentar, do Território e dos Bens Comuns.