O livro é resultado de um trabalho que começou em 2015, tendo como objetivo analisar a relação entre o jornal «O Estado de São Paulo» e a influência que emana de seu público, considerando pesquisas de opinião publicadas pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa de Opinião, também conhecido como IBOPE, na crise que culminou no golpe de Estado em 1964.
O período estudado compreende a linha que se inicia na renúncia de Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, até o golpe, com a consequente deposição de seu vice-presidente, João Goulart, em 1 de abril de 1964 e tem como fontes de pesquisa as edições do jornal no período supracitado e algumas pesquisas de opinião encontradas no arquivo Edgard Leuenroth.
Ao longo da pesquisa foram encontrados indícios que corroboram com a hipótese de que o jornal «O Estado de São Paulo» seleciona seu público pelo tipo de linguagem e estrutura gráfica de suas páginas publicadas, apesar de não considerar quase em nenhum momento a opinião pública em seu incansável trabalho de criar uma imagem negativa do governo de João Goulart. Foi verificado, ao longo do trabalho, que o periódico construiu narrativas com seu conteúdo jornalístico com o objetivo de causar em suas páginas uma impressão de caos no país. Para essas narrativas, nós atribuímos o nome de «Narrativas catastróficas». O resultado da análise presente neste livro é a confirmação do fato de que o jornal não se incomoda com a opinião de seu público leitor, mas sim com o julgamento futuro que suas ações implicam, pelo medo da conclusão de fora ele uma ferramenta da elite para a promoção do golpe.