Premiado com o Prêmio Abril de Jornalismo em 1985 (empatado em primeiro lugar como matéria de cultura com uma reportagem de Mário Sérgio Conti, então diretor de revista VEJA), quando ainda era um esboço da obra monumental que viria a tomar corpo, este livro, fora das livrarias há vários lustros e mais de uma década (sua mais recente edição é de 2010 e esgotou-se rapidamente), traz a relação de todos os livros proibidos no ciclo militar pós-64 e estuda a censura à luz do caso Rubem Fonseca, desaparecido em 2020, dias antes de completar 95 anos, escritor best-seller e dentre os autores brasileiros mais traduzidos. O autor não faz nenhum combate ideológico com seu livro, e isso fascina todos os leitores, sejam de direita ou de esquerda, pelo olhar ideológico desarmado, mas munido de ferramentas metodológicas esclarecedoras. Deonísio da Silva demonstra os motivos que levaram a França a proibir Gustave Flaubert, os EUA a proibir James Joyce… E o Brasil a proibir o então todo-poderoso diretor da Light, o filho de imigrantes portugueses José Rubem Fonseca, simplesmente por escrever em desacordo com a ditadura instaurada. Ilustra a censura a Feliz Ano Novo com as proibições de Oscar Wilde e D. H. Lawrence, dando dimensão bem mais larga do que os estudos precedentes havidos no Brasil sobre o tema. A censura não foi obra da ditadura militar por ser ditadura militar. Esta é uma das grandes novidades do ensaio.