Baseado em pesquisas acadêmicas, muitas delas utilizando fontes e informações inéditas, Epistemologias contra-hegemônicas: desafios para a educação superior tem como propósito explorar algumas das questões sobre as novas epistemologias emergentes na América Latina. Este livro reúne investigações empíricas sobre as novas universidades brasileiras apresentando as suas inovações em relação às universidades tradicionais de origem humboldtiana e napoleônica. O paradigma dominante invadiu todos os espaços institucionais, do mundo político e social à vida acadêmica universitária, submergindo as culturas locais, silenciando os saberes tradicionais e ofuscando um pluralismo epistemológico que existe no mundo.
Um dos propósitos deste livro é, portanto, apresentar outras propostas epistemológicas provenientes do Sul, mostrando que o paradigma epistemológico eurocêntrico oprimiu e silenciou todas as formas de conhecimento irredutíveis aos seus princípios e propósitos epistemológicos, ocultando, inclusive, um pluralismo cultural que está na sua origem. Esta obra pretende salientar que a riqueza epistemológica existente no mundo é o resultado de múltiplas interseções culturais e de intercâmbios multilaterais e, por isso, é irredutível a um único paradigma. Em uma linguagem simples e direta, um dos objetivos da obra é contribuir para a construção de uma nova geopolítica do conhecimento que, em vez de hierarquizar e dualizar, dignifique todos os saberes. Os estudos empíricos realizados mostram que é possível, em tempos de globalização neoliberal e de mercadorização da educação, abrir as portas da universidade a públicos a quem outrora foi negado esse direito. A vocação da educação superior deverá ser formar cidadãos críticos e produzir conhecimento e cultura científica, não se alheando dos problemas sociais. À educação superior compete contribuir para a construção de uma sociedade profundamente democrática, em que haja justiça social e cognitiva, integrando os diversos públicos e as múltiplas formas de ver e estar no mundo.