A trama de As Farsas dos Moços de Capela é ambientada no período da alta renascença em Portugal e traz elementos da forte proximidade estabelecida entre o Rei e a religião, na época.
O título é uma menção às peças de teatro que no Séc.XVI eram chamadas de farsas. Os protagonistas são dois jovens sacristães, também chamados de moços de capela. A narrativa mescla fatos históricos com a ficção. Durante o reinado de Dom João III os mosteiros femininos passaram por momentos críticos por conta do que se falava em termos de promiscuidade e de falsa prática religiosa. Este rei estava decidido a acabar com estes mosteiros e teve um foco muito centrado num deles, que foi o Mosteiro de Lorvão. Este mosteiro foi habitado durante um longo tempo por uma geração de mulheres da família Eça que eram descendentes de Inês de Castro, a conhecida, na história de Portugal, como a rainha morta. Nesta fase da história, o mundo passava por uma intensa confrontação dos dogmas da Igreja católica. A reforma de Lutero estava se formando e ganhando vulto e a Inquisição era, também, um dos objetivos da Corte portuguesa junto ao papado. A perseguição aos judeus e a qualquer outra prática religiosa eram fatos. As bruxas e a magia floresciam naquele ambiente em que o sobrenatural incomodava os poderes instituídos. Neste contexto, um importante sacerdote franciscano, intelectual e muito influente bibliotecário, vira alvo de investigações sigilosas por conta de uma suposta relação com as idéias da Reforma. E foi unindo os interesses destes poderes que cria-se uma grande trama (ou farsa!) e os dois protagonistas são manipulados dentro de um jogo de intrigas.