Com o lançamento de A viúva virgem, em 1972, a pornochanchada enfim se consolidava como gênero dominante no cinema brasileiro dos anos 70, em termos de bilheteria. No mesmo ano, ao realizar Os inconfidentes, Joaquim Pedro de Andrade transformava os rebeldes mineiros do século dezoito em um bando atarantado e sem perspectivas em meio ao regime colonial. Fazia uma alegoria a respeito do regime repressivo de seu tempo, mas também fazia um acerto de contas com o passado vivenciado por intelectuais como ele: antigos cinemanovistas em tempos de chumbo. Estes dois filmes: um apontando para o futuro, outro às voltas com as ilusões e erros do passado, são paradigmáticos da produção cinematográfica brasileira nos anos de 1972, 1973 e 1974, quando o Cinema Marginal ainda marcava a sua presença, mas já rumava para o esgotamento. Em A trajetória do cinema brasileiro: 1896–2023, volume 7: Novos rumos em tempos de chumbo: o cinema brasileiro de 1972 a 1974, Ricardo Luiz de Souza estuda a produção cinematográfica brasileira deste período, a partir da análise de 68 filmes realizados nestes anos de repressão e de um ufanismo que já rumava para a constatação amarga da realidade.