Em Cegos e Zumbis — signos da contemporaneidade, duas metáforas da contemporaneidade são analisadas pela perspectiva semiótica: o romance de José Saramago Ensaio sobre a Cegueira; e o seriado norte-americano, criado por Robert Kirkman, The Walking Dead. Voltada para o público interessado em aprofundar a leitura dessas narrativas ou em entender melhor a teoria semiótica de Umberto Eco, de estudantes do ensino médio à comunidade universitária, a presente obra extrapola as barreiras dos níveis culturais para refletir o que cegos e zumbis possuem em comum e o que ambas as representações podem explicitar sobre o mundo contemporâneo.
Para isso, é realizado um debate em torno da figura da Intentio lectoris na semiose, ou seja, do papel do leitor em um processo comunicativo. Tendo por referencial teórico os postulados semióticos de Umberto Eco, evidencia-se a negligência, dentro dos estudos conflitantes sobre os níveis culturais, à qual o sujeito fruidor está submetido, uma espécie de sentença de morte. Argumenta-se, assim, que o papel do leitor na semiose muitas vezes é reduzido a mero espectador — rechaçando-se, sem segundas análises, quaisquer produções originárias da Comunicação de Massa, com fins de entretenimento, a exemplo da metáfora dos zumbis na cultura ocidental.
Ao fim, ao realizar uma leitura comparada de ambas as obras, questionar-se-ão as proféticas sentenças apocalípticas da cultura, bem como será exposto que, embora com finalidades próprias a cada nível cultural, a seu modo, as duas produções podem propiciar, a uma Intentio lectoris habituada, um indício de reflexão sobre o homem contemporâneo e seu permanente estado de menoridade.