Há muitas maneiras de se amar um lugar. Uma delas se dá por um laço que só se estreita com o passar dos anos. É o que acontece, muitas vezes, em relação a um país. Neste Dicionário da Memória Afetiva, o autor mostra a sua paixão pela França de A a Z: amigos, atletas, atores, atrizes, aulas, avenidas, bares, batalhas, bebidas, belezas, bibliotecas, bistrôs, cafés, campanhas, campos, casas, castelos, cidades, cinemas, diários, diretores de filmes, divas…
Elegância, entrevistas, esperanças, esportistas, festas, festivais de cinema, filmes, gestos, gostos, histórias, homens, ídolos, jogadores de futebol, lembranças, livrarias, livros, lugares, mares, monumentos, mulheres, museus, músicas, natureza, ninfas, nuvens, odes, organizações, palácios, peças, personalidades, pessoas, pinturas, poesia, poetas, praias, pratos, presidentes, professores, quadros, quedas, queijos, restaurantes, rios, romances, salas, salões, sobremesas, sonhos, teatros, universidades, vilarejos, vinhos, tudo, enfim, aparece sob o ângulo da subjetividade explícita, o olhar do narrador, as experiências do observador, a memória de quem ama.
Sem pretender ser um guia de viagem, dá dicas baseadas nos gostos e nas vivências do autor, que morou na França por quase seis anos, em duas etapas, e, durante trinta anos, foi em torno de duas vezes por ano ao seu país de adoção, até ser interrompido pela pandemia da Covid-19, tendo sido, apressado que é, um dos primeiros a contrair a doença em Porto Alegre. Passado o pior, as viagens recomeçaram. Em setembro de 2023, foi receber “sur place” o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Paul Valéry — Montpellier 3.
Sem ser expert em gastronomia nem condenável pelo pecado da gula, entrega os seus gostos mais arraigados pela culinária francesa. Por exemplo, sua paixão por “confit de canard”. Noutro campo, conta o seu apreço pela canção francesa clássica. Sem querer ser exaustivo, não se cansa de mostrar encantamento. Sem ter a pretensão de rivalizar com Michelin e Wikipédia, resgata informações sobre a «essência” do que apresenta. Sem a menor vontade de se mostrar pretensioso, relata encontros e entrevistas com grandes escritores, intelectuais, artistas e esportistas, de Michel Houellebecq a Michel Platini, passando pelos mestres das ciências humanas. Entre bem-humorado e sério, quando necessário, vai do jornalista a sociólogo, predominando o flâneur, passeando por entre ideias, fatos, galerias, vitrines e vidas.
O leitor fica convidado a ler e viajar. A França espera.