O livro Laicidade em compasso de espera: o Apostolado Positivista e a experiência republicana apresenta uma análise cativante em torno do debate sobre a laicidade no Brasil, sobre o qual se debruça a sociologia contemporânea, uma vez que essa área tem desconstruído asserções que alicerçavam uma plena bifurcação entre o Estado e as instituições religiosas no primeiro período republicano a ponto de indagar se de fato houve algum momento ao longo do Brasil republicano em que o Estado tivesse assumido uma conotação laica. Sem esgotar essa questão tão complexa, a obra propõe uma investigação sobre o empenho do Apostolado Positivista do Brasil, representado pelas figuras de Miguel Lemos e Raimundo Teixeira Mendes, em pleitear a defesa da laicidade republicana em nosso país, entendendo esse processo não só como a separação do Estado com a Igreja Católica e demais credos religiosos, mas também como a implantação de um projeto macrossocial que assegurava a cidadania dos indivíduos. Por meio de uma abordagem sociológica que não se confina a uma simples pesquisa histórica, esta análise procura explorar as relações de disputa entre os positivistas ortodoxos e as autoridades eclesiais tendo como chaves de leitura o aprofundamento do conceito de laicidade e o emprego da teoria do discurso, a fim de examinar o esforço do Apostolado Positivista na elaboração de leis seculares contrárias ao proselitismo católico do século XIX. Ademais, o livro tem como meta investigar a defesa dos positivistas ortodoxos ao proletariado emergente, por meio de medidas trabalhistas que asseguravam proteções sociais, descortinando o fenômeno da laicidade como uma prerrogativa de erigir políticas públicas que alicerçam o bemestar e a justiça social aos cidadãos. Como a presente obra compreende alguns fatores que impediram a efetuação irrestrita do projeto político da ortodoxia positivista quanto à laicidade republicana no Brasil, sua proposta de estudo encontra uma perfeita simetria com o debate contemporâneo.