Anoitece. A ardência e a ternura da lua declinam na sombra a imensidão das palavras. A escrita assimila e canta a luta dos gladiadores contra a morte que vive a vida do espírito. Aqui ela faz doer o útero da mãe que carrega no colo a morte do filho. Doendo, abre as fissuras da prisão. Aquele que escreve marca o encontro do corpo na página branca, sem rosto. Pavor. Agora pulsa a exigência das palavras que desaparecem numa elaboração do esquecimento — num ressurgimento animalesco. A escrita liberta a vida e vive fora de qualquer aprisionamento. Sai a cada respiração, a cada encontro que possibilita outros delírios, que potencializa outras existências. Impulsão corrente de outras sensações aqui. Branco e branco — ausência que se ausenta sempre branca no branco sempre. Ela dança em giros e faz renascer o pensado, compactuando a escrita com a construção das vidas. Aquele que escreve habita o silêncio primeiro. Aceito a noite.